quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Terra na ferida

[Foto de LR]
Agarra-te aqui, não me largues. Caminharemos pela borda e o carreiro vai nos levar ao sítio certo. Se caíres não abrandes o passo, joga terra na ferida. Doem-me as pernas mas o coração está mais preso do que antes e pesa mais deste lado. O frio faz-me contorcer os músculos das mãos quando digo adeus e não quero dizer adeus. Há dias que respiro eucaliptos e ao longe nem vejo nada, a vista está cerrada pelos milhos. Antes fossem para freiras esses milhos festeiros que se assam ainda novos. Cortados os milhos e de volta a vista, mais um ano de terra aberta para sol e chuvas e sémen de plantio. Entre elas, valas abertas por onde a gente caminha e agarra-te a mim porque às vezes tenho terra nos olhos. LR